Oi, Pessoas!
Tenho visto algumas blogueiras e "instagrameiras" (rs) falando sobre a depressão que vivenciam ou vivenciaram, bem como o conhecido (ou não tão conhecido) baby blues. e, como vejo muitas mulheres falando que depressão ou baby blues "é moda", "é doença de rico", "é falta de roupa pra lavar", venho aqui falar um pouco do que eu vivo.
Sou uma mulher que sofre por ser bipolar. Isso mesmo! Sou uma mulher que sofre com o transtorno bipolar. Mas, o que é isso? Bom, basicamente e muuuuuuuuito resumidamente falando: é quando uma pessoa sofre alterações de humor constantes. As variações vão da euforia à depressão - são 05 graus diferentes e eu não vou explicar, agora, um a um. Quem sabe, num próximo post?!
Durante muitos anos, fiz tratamento com psiquiatra e psicólogo. Tomei medicação controlada e estabilizador de humor. E, antes que tentem usar meus posts contra meus atos e atitudes, vou logo explicando que, quando estava na depressão, minhas crises sempre foram com muita tristeza e isolamento. Além da insônia. NUNCA, EM NENHUM MOMENTO, QUALQUER DAS MINHAS CRISES ME TORNOU UMA PESSOA AGRESSIVA.
Bom, vamos falar, então, do que eu vivi, porque é apenas sobre isso que posso falar. Da minha experiência.
DEPRESSÃO NÃO É MODA, NÃO É DOENÇA DE RICO E MUITO MENOS FALTA DE ROUPA PRA LAVAR!!!
Depressão é uma doença de dentro de nós, entende?! Acho que não....
Quando o bipolar está na fase da euforia, tudo está bem - não importa que o mundo esteja desabando lá fora. Para o bipolar, na euforia, todo mundo é lindo e o planeta Terra é o melhor lugar para se viver. Nada o incomoda.
Mas aí vem a depressão e o quadro muda...
Quando engravidei da Juju, eu tomava remédio controlado para o humor e para dormir. E, durante a gravidez, continuei com a medicação (em dose reduzida) por ordens do psiquiatra que me acompanhava. Se eu cortasse totalmente os remédios, de uma hora para a outra, eu poderia sofrer um colapso e o bebê também.
Com tudo o que aconteceu no nascimento da Juju (pra quem não sabe, ela nasceu prematura de 29 semanas e ficou 54 dias na UTI Neo), eu voltei a apresentar um quadro grave de depressão. Então, a pergunta que não quer calar: O que eu sentia quando estava em depressão?
Bom, eu não sentia raiva do mundo e nem rejeitei a minha filha. Apesar de apresentar depressão pós-parto (e, muitas pessoas acham que, neste caso, a pessoa tem que rejeitar o filho - isso não é verdade!), eu não tinha qualquer sentimento ruim com relação ao mundo ou à minha filha. Eu sentia uma forte vontade de NÃO FALAR COM NINGUÉM, de não ver ninguém (as pessoas queriam me visitar e me apoiar) a não ser que fosse extremamente necessário. Não fiquei agressiva, impaciente ou coisa parecida. Eu só queria me isolar do mundo. Não queria atender telefone, falar com visitas ou fazer sala para elas. Foquei em Juju o tempo inteiro. Algumas coisas me fizeram ficar com uma vontade ainda maior de me isolar e foi isso que fiz.
Voltei à medicação e não pude amamentar. Muitas coisas que eu queria viver no pós-parto da Juju eu não vivi. E não me recusei a buscar ajuda. Eu busquei ajuda. Eu fui pro psiquiatra. Eu tomei medicação. Mas as coisas dentro de mim pioravam. Eu ficava cada vez mais triste por dentro. Tentei, ao máximo, não deixar isso transparecer ao mundo. Mas, em determinado momento, foi inevitável para as pessoas que me cercavam não perceber que eu estava depressiva e dependente dos remédios controlados.
Foi um tempo LONGO. Muito longo. Demorei a sair da depressão. E o que eu posso dizer sobre ela é: Não adianta você, de fora da situação, querer dizer a uma pessoa depressiva que, se ela quiser e tiver vontade, ela sai da depressão. Que , se ela tiver força de vontade, ela sai da depressão. Que depressão é falta do que fazer ou preguiça.
Pessoas, uma pessoa em depressão, no grau que eu estava, não tem ânimo para sair de casa, para receber amigos, para ir ao shopping... A pessoa, simplesmente, não quer fazer nada. Só que ficar ali, no canto dela, no escuro, dormindo. A pessoa em depressão precisa de apoio e não de acusações. E em nada vai ajudar você dizer: "Sai dessa cama, fulano. Toma um banho, vamos passear!". ISSO NÃO VAI AJUDAR.
Acho triste a pessoa entender que alcoolismo e dependência química é doença, mas achar que depressão é falta do que fazer!!!! É o cúmulo do absurdo!!!! Porque a depressão dói no mais fundo da pessoa... Dói lá dentro... Machuca a alma.... E criticar não vai ajudar....
Passei quase 03 anos em depressão. As pessoas que conviveram comigo podem dizer, com toda certeza, o que foi conviver comigo de 2010 a 2013. E estas pessoas sabem quem eu era e quem eu sou hoje. A mesma pessoa, só que livre da medicação.
A depressão me fez ser uma mãe ruim por um tempo pra Juju. A depressão quase acabou com meu casamento. A depressão me fez ser uma péssima amiga e uma péssima irmã por um tempo. A depressão me afastou até da minha Igreja e de Deus. Ele não me abandonou, eu que O abandonei. Mas, por misericórdia e graça, Deus nunca desiste de nós, não é mesmo?!
Na gravidez do João, eu estava sendo acompanhada por um outro psiquiatra. E ele cortou a medicação que eu tomava antes de engravidar. Nosso medo era a insônia, mas, na gravidez do João eu senti tanto sono, tanto sono, que o remédio não fez falta.
Depois que o João nasceu, eu voltei ao psiquiatra e ao psicólogo. E ambos me falaram que eu não precisava mais de medicação para controlar meu humor. Eu ainda sou bipolar, mas, no momento, sem crise, não há razão para tomar qualquer medicação.
Hoje eu vivo os sentimentos. Fico triste, choro, fico nervosa, grito, fico feliz, choro de alegria, dou gargalhadas, abraço e beijo muito quem eu amo. Acho que minha família é quem melhor pode dizer a pessoa que eu sou hoje. Deus me abençoou.
Não critico quem precisa da medicação. E também não tenho medo de ter que, em algum dia, ter que voltar a tomar alguma medicação. Eu tenho medo de voltar à depressão? Sim. Dela eu tenho medo. Porque ela me derruba e me faz ser uma Bianca triste - pessoa esta que eu não sou.
Hoje, mais madura, entendo que as coisas têm seu tempo para acontecer. Entendo os sentimentos. Sou falha, viu, Pessoas?! Não sou perfeita?! Mas também não fico apontando o dedo para as pessoas.
Se há alguém perto de você, próximo a você que está em depressão: não critique, não o mande levantar da cama e se arrumar, não tente forçar a barra. Procure ajudar - e, se não sabe como, procure um especialista para saber COMO AJUDAR.
Desculpe se não fui muito profunda em tudo o que eu vivi. Não tenho medo de "dar minha cara a tapa". Mas, por ser um blog aberto, pessoas que me detestam leem aqui e vão tentar usar este texto contra mim. Portante, se quer saber mais, pergunte-me como inbox, por email - falo sobre isso sem qualquer problema.
Se você está em depressão ou acha que está - PROCURE AJUDA ESPECIALIZADA!!!! Peça ajuda!!! Não se deixe destruir por esta doença!!!!
Depressão é o câncer da alma.....
Boa semana!!!
Cheia de sorrisos, eu espero!!!
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