domingo, 22 de janeiro de 2017

VIOLÊNCIA URBANA E AS CRIANÇAS

Boa Tarde, Pessoas!

Como eu disse pra vocês no meu perfil pessoal do Face e no nosso perfil do Instagram, eu iria contar para vocês, aqui, as experiências que passei de assalto em que estava com a Julia, que tem apenas 06 anos - falando sobre as reações dela e como eu agi. Não estou dizendo que fiz o melhor que pode ser feito, mas o que julguei melhor para a minha filha, ok?

Então, como vocês sabem, moro no Rio de Janeiro e, por aqui, a violência está absurdamente alta. O bairro que moro, que era um bairro tranquilo, volta e meia, tem tido arrastão, assalto e violência armada até nos Shoppings da região.

Na 1ª vez que fui assaltada com a Juju, estávamos indo ao mercado. Eu havia perguntado a ela se ela preferia ir ao Mundial ou ao Guanabara - que são os supermercados mais próximos de onde moramos. Ela quis ir pro Guanabara e, no meio do caminho, um garoto (que devia ter, no máximo, 09 anos) roubou meu cordão.

Metade do cordão ficou no meu pescoço, metade o moleque levou. Ele estava acompanhado de mais uns 04 coleguinhas, e, juntos, correram pela Avenida pra fugir das pessoas da calçada. Obviamente, com o sinal aberto, eu não pude fazer nada, senão gritar. Não tinha como eu correr atrás do garoto no meio da avenida movimentada de carros.

Juju, diante da situação, abriu o berreiro. Ficou muito, muito nervosa e começou a chorar. Foi aí que as pessoas se aproximaram e tentaram ajudá-la. Enfim, fomos pro mercado e seguimos a vida. Só que aí, no dia seguinte, Juju começou a ter febre. E, logo depois, começaram os vômitos. Fomos parar no hospital, já que a situação durou alguns dias.

Exames diversos foram feitos e nada era constatado. Aparentemente, ela estava muito bem de saúde. Nada que justificasse febre de 39ºC / 39,5ºC e vômitos constantes. Aí, nisso, ela vira pra mim e me pede desculpas. Eu perguntei pelo o quê e ela me disse que a culpa do assalto tinha sido dela, porque ela que quis ir pro Guanabara. Que se ela tivesse optado pelo Mundial, não teríamos sido assaltadas.

OLHA COMO FUNCIONA A CABEÇA DE UMA CRIANÇA, GENTE!!!!

Sentei com ela, conversei e expliquei que ela não tinha culpa alguma de nada!!! Que o assalto poderia ter acontecido a caminho do Mundial. Que existem pessoas ruins que roubam as coisas dos outros, mas que ela não tinha culpa alguma da maldade alheia. Milagrosamente, a febre foi embora e os vômitos também.

Ontem, nós estávamos saindo do teatro. Eu, ela e o amiguinho dela. No ponto de ônibus, quando eu acabei de avisar ao Carlos que ia ao mercado, um moleque veio e levou meu celular. Garoto elástico, né? Porque eu estava no meio da calçada e ele estava na rua, de bicicleta. Saiu correndo com a bicicleta e eu, mais uma vez, nada pude fazer.

Imediatamente, Julia se desesperou e começou a chorar de nervoso. Gente, ela chorava muito! Muito mesmo! Mas, incrivelmente, eu fiquei calma. Fiquei, obviamente, muito chateada pelas fotos e arquivos que não iria conseguir recuperar, mas Deus me deu uma paz e uma tranquilidade inexplicável. Diante do desespero da Juju, decidi não esperar o ônibus e nem ir ao mercado. Peguei um táxi e fui pra casa.

Não fui com eles pra delegacia porque, desde a semana passada a Polícia está em greve no Rio. Só atendem flagrantes. Então, fui pra casa mesmo. Julia ainda chorava. Eu tentava acalmá-la e ela ficava calma por uns minutos, mas, daqui a pouco, abria o berreiro de novo. Em nenhum momento, NENHUM, deixei de acalentar minha filha. Minha maior preocupação, naquele momento, era ela.

Em casa, comecei a ligar para as operadoras e, milagrosamente, nenhuma delas atendia. 20 minutos depois, o inspetor de Polícia ligou pra minha casa. Eles recuperaram meu celular. Acharam o garoto 20 minutos depois do assalto, já no Maracanã. Os policiais (militares), que terminariam o plantão deles em 20 minutos, resolveram perseguir o garoto suspeito (eles poderiam ter deixado pra lá, afinal, ia dar o maior trabalho pegar o garoto e, em caso de flagrante, fazer todo o ritual burocrático). Enfim, pegaram o garoto, que tem 17 anos e 5 passagens pela Polícia e ficamos todos na Cidade da Polícia até as 20:30 hs. Louvo a Deus pela vida destes policiais. Ah, sim, o inspetor deu uma de CSI e me localizou pelo IMEI do meu aparelho.

Enfim, isso tudo pra dizer que, quando retornei pra mim casa, minha maior preocupação era a cabecinha da minha filha. Porque, nas duas vezes, EU ESTAVA COM ELA quando o assalto aconteceu. E meu maior medo é ela criar, dentro da cabecinha dela, uma síndrome do pânico ou virar uma pessoa neurótica, que não pega ônibus, que não sai de casa sem ser de carro com algum conhecido ou coisa assim. Que ela não tente viver em uma bolha.

Porque, ultimamente, ela anda super nervosa com qualquer pessoa que atenda telefone na rua ou use cordão ou brinco. Ela vive falando: "tira o cordão, mãe, o ladrão vai pegar". Ou, quando estamos na rua e, mesmo que seja um local seguro, com policiais, ela fala: "guarda o celular, mãe, que um ladrão vai pegar". E eu acho que vai ser péssimo pra ela viver nesta neurose.

Não sou psicóloga (já quis ser, mas o plano não prosperou), sou apenas mãe. Então, pra mim, a melhor solução foi CONVERSAR com ela. Sobre tudo o que acontece e que pode acontecer quando estivermos na rua. E, obviamente, deixar bem claro pra ela que nada disso é CULPA dela. Que poderia acontecer mesmo quando eu não estivesse com ela.

Conversei bastante com ela hoje também. Sobre o que ela pode fazer pra evitar assalto, que, caso aconteça, ela simplesmente entregue o que o ladrão quer, para que nada aconteça a ela fisicamente (claro que na linguagem dela, ok?).

Crianças são muito sensíveis e suscetíveis aos pensamentos e opiniões dos adultos que as cercam. E tendem, sim, a colocar sobre si a CULPA das coisas ruins que lhes acontecem ou que acontecem com pessoas próximas.

Portanto, esteja sempre pronto pra esclarecer o seu Pequeno. E note bem os sinais. Na 1ª vez, a Juju ficou doente de culpa e eu não percebi. Foi preciso que ela me dissesse. Mas, e se ela não contasse? Já imaginou? Até onde iria esta "virose" dela? CUIDADO COM OS SINAIS QUE AS CRIANÇAS NOS DÃO e, muitas vezes, sequer percebemos.

Conversem sempre com os filhotes sobre o que está acontecendo no mundo, na cidade e no bairro onde vivem. Esclareçam tudo, na linguagem deles. E, qualquer coisa, PROCUREM AJUDA ESPECIALIZADA! Psicólogos, psiquiatras, pediatras! Eles estão aí pra ajudar!

Boa semana!


Um comentário:

  1. Aprendendo um pouquinho mais sobre como agir como mãe e educadora!
    Obrigada por compartilhar sua experiência!

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